Chico Xavier



Chico Xavier, o mestre que ensinava
o amor ao próximo


Direitos autorais de suas obras foram doados às casas espíritas e entidades carentes

"No momento de guerra, o apelo é por paz", assim nos ensinou o médium Chico Xavier

Miriam Lins Caetano
7 período de Jornalismo


Depois de ouvir falar tanto em guerra, discórdia, ódio e morte, consegui, depois de quase um ano sem ele, lembrar de uma figura que marcou o mundo com suas mensagens de paz.

Chico Xavier, que nasceu e viveu muito tempo em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, veio morar em Uberaba no ano de 1959 e não nos deixou mais. Teve seu primeiro contato com a mediunidade aos 4 anos de idade quando falava com sua mãezinha que o deixou aos 2, mas foi em 8 de julho de 1927 que ele iniciou seu mandato mediúnico. Neste tempo, trabalhou durante horas incessantes pelas pessoas carentes e necessitadas de apoio.

Para salientar ainda mais seu objetivo, deixou escritos 400 livros, publicados também em castelhano, esperanto, francês, inglês, japonês e grego, que firmam o amor e a compaixão pelo próximo. O primeiro e mais famoso é o Parnaso do Além-túmulo, publicado em 1932 que provocou (e comprovou) a questão da identificação das produções mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos críticos, tais como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco, severo crítico literário, de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho, Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc..

Seus livros fazem referência a diferentes assuntos, tais como: poesias, romances, crônicas, história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia e literatura infantil. Desse total, foram vendidos mais de 12 milhões de exemplares com todos os direitos autorais cedidos a entidades carentes e casas espíritas.
Missão ou Imposição?

Sempre falando baixinho e mansinho palavras de conforto e amor àqueles que ele tratava como irmãos, nosso querido Chico Xavier conseguiu em 72 anos, o que muita gente não conseguiria a vida inteira. Contava para sua missão, com a ajuda de seu insepáravel mentor espritual Emmanuel, que segundo o filho Eurípedes, estava do seu lado desde 1931, e afirmava ter sido a encarnação do padre Manuel da Nóbrega.

Emmanuel era quem ditava as regras ao médium e chegou a fazer-lhe uma imposição: "Devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: "Sim, não temos outra alternativa!" Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos?

Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: "A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico!"

Não há como julgar se Chico Xavier foi obrigado a cumprir sua missão por conseqüência de seu dom, mas não há como negar que foi com muita dedicação e amor que ele se mostrou um ser humano de qualidades indiscutíveis.
Em um caso especial, Eurípedes contou ao Revelação que certa vez, em Goiânia, um jovem foi assassinado pelo amigo em uma bricandeira de revólver. Como não previam que a arma estava carregada, um deles disparou e acertou o amigo, que por azar do destino estava na frente. Não havia testemunhas. Os pais ficaram desesperados com a morte e pediram a prisão do réu, que ficou por algum tempo atrás das grades.

Depois disso, vieram para Uberaba afim de visitar parentes e Chico Xavier foi comunicado por uma entidade espírita que eles estariam aqui. Mandou buscá-los e entregou a eles uma carta psicografada com a letra do próprio filho que contava a história em detalhes. Ao final, a carta pedia para que os pais perdoassem o amigo. Aquilo não passava de um acidente e sua hora tinha chegado.
A carta chegou às mãos do juiz que a leu com atenção e dada a clareza que era relatada, foi declarada legítima a inocência do réu.

Mas não só de paz foi feita a missão do médium. Ao psicografar um livro de Humberto de Campos, teve na época, que enfrentar um processo movido pela viúva do escritor. Queria os direitos autorais do falecido. Acreditem se quiser! Novamente o caso foi parar no tribunal e desta vez a resposta do juiz foi a seguinte: "Morto não tem direito autoral, e mais ainda. Se há alguém que acredita que estas palavras não foram escritas por Chico Xavier que façam uma votação e exijam para ele uma cadeira na Academia Brasileira de Letras...", conta Eurípedes.

Todos sabemos que o dom mais conhecido do médium é o psicográfico, mas não era o único. Ele também possuía o dom da psicofonia, da audiência, receitista e outros. Chico os utilizava para psicografar cartas que davam conforto a pessoas inconformadas com a morte de entes queridos e para passar mensagens que eram de extrema importância para a doutrina cristã-espírita.